As minhas corridas na estrada

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Terras de Sicó (52km) - Estava tudo a correr tão bem, até que...

Há 3 anos fiz a minha estreia nos 3 dígitos na prova de Sicó. Uma aventura sofrida, tirada a ferros, mas que vista à distancia até correu bastante bem. Este ano decidi voltar, mas para os 52km do Ultra Trail, os dois meses para o MIUT desaconselhavam uma empreitada de 111km nesta altura. Engraçado que tinha ficado com uma ideia completamente diferente da prova. Pensava eu que pela saturação natural de uma prova tão grande, mas também por naquele dia ter estado nevoeiro praticamente o tempo todo, mas entretanto fui sobrepor os dois tracks e vi que nos 52km só há cerca de 15km em comum, precisamente os que achei mais interessantes na altura. Foi então uma completa e muito agradável surpresa os 52km do Ultra Trail Terras de Sicó!

O Vasco e eu, únicos atletas do GDP nos 52km. Tivemos mais 4 nos 111 e outros 4 nos 25 e 15km!
O que não era novidade apenas para mim era o facto deste ano a prova ser linear. Ou seja, não acaba onde começa. Gosto deste tipo de provas, parece que o ganhar terreno tem mais significado, ao contrário de dar uma grande volta para regressar à casa de partida. Tal como acontece no MIUT há alguns anos, a prova de 52km parte paralela aos 111, apenas para fazer cerca de 3km até entrar no mesmo percurso. Isto é interessante porque vamos desde logo a passar por atletas da prova grande, já com muitas horas e km nas pernas. É estranho estar deste lado da barricada, normalmente sou eu na grande. Sei por experiência própria que é preciso ter alguma sensibilidade na interação com estes atletas, já vão muito saturados e nem sempre estão para aturar as crianças que começaram a correr há meia hora e vão com a pica toda, mas tentei não atrapalhar e dar uma palavra de incentivo a cada um que cruzei.

Pórtico da meta. E começa a contribuição do grande Miguel Cadalso (MC)
A deslocação para o ponto de partida era feita em autocarros. Não correu muito bem, a partida atrasou meia hora, mas, a meu ver, não veio daí mal nenhum ao mundo. Perfeitamente compreensível que as coisas não estejam oleadas, sendo este o primeiro ano em que se fez isto.

Bom, dada a partida às 10, lá seguimos por um estradão com cerca de 3km que nos levou mesmo até ao sopé do Monte Sicó. A subida, relativamente curta apesar de ser a mais comprida do percurso, com cerca de 250+, levou-nos até ao ponto mais alto da Serra, aos 550m. Lembrava-me da subida há 3 anos, por estradão e uma rampa muito inclinada, mas este ano foi completamente diferente. A entrada no percurso principal coincidiu com a entrada num trilho muito bom que nos levou de pedra em pedra em single track até lá acima. Excelente trilho!

A chegar ao topo
Já nas antenas preparei-me para o estradão meloso que conhecia mas, surpresa, ligamos imediatamente a um trilho espetacular que nos embalou por quase 4km de descida que, sinceramente, se não houvesse mais nada até ao fim, teria valido por completo a inscrição na prova! Isto pode ser ainda a adrenalina a falar, mas foi de certeza das melhores descidas que já fiz! No fim desta, sempre em trilho, chegamos ao primeiro abastecimento de onde entro e saio a correr, sem sequer olhar para a comida, tal o entusiasmo. Entramos numa zona de sobe e desce, sempre em trilho, com descidas muito rolantes mas ao mesmo tempo desafiantes que nos levaram até ao já meu conhecido Canhão de Poios, o meu segmento preferido da prova de há 3 anos.

A meio da tal descida.
Nesta altura o ritmo era alto, nem tinha tempo para absorver, estava a divertir-me como tudo e acho que devo ter repetido "espetacular" em voz alta umas 20 vezes! O Canhão mais uma vez não desiludiu. Um vale muito apertado, percorrido sempre em single com muito calcário, até que apanhámos uma parede que nos mandou dali pra fora. Voltei a não comer no abastecimento, não estava a sentir-me bem da barriga e não tive vontade de estar ali a escolher.

Vale do Canhão de Poios (MC)
O segmento seguinte, que nos levaria até ao terceiro abastecimento em Tapeus, teria cerca de 10km. Foi quando apanhámos os primeiros grandes estradões que na minha cabeça caracterizavam a prova. Até então vinha num ritmo muito alto (para mim, obviamente) e tive consciência que teria que abrandar um pouco. Souberam bem os km de estradão praticamente plano feitos a um passo estável. O que nunca senti, desde o inicio, foi conforto. Tal como em Poiares sofri bastante com cólicas e desconforto intestinal, coisa que raramente me acontecia. Muito provavelmente fruto de algumas alterações na dieta que tenho experimentado e que terei que reverter, nomeadamente o que tenho comido antes das provas e treinos.

A descida antes de Tapeus. Excelente trilho, mais um! (MC)

Estradões do Sicó (MC)

Chegado ao abastecimento de Tapeus obriguei-me a parar e comer, apesar de não ter vontade nenhuma. Quanto aos abastecimentos do Sicó… bem, acho que nesta altura do campeonato já nem vale a pena falar deles. São mais conhecidos que a lama dos Abutres, uma espécie de símbolo do trail nacional. Enfardei umas fatias grossas de presunto, que quase me fizeram vomitar, e fiz-me ao caminho.

O regresso aos trilhos foi na zona das Buracas de Casmilo, que também conhecia. Um trilho muito bom, com muita pedra e difícil quanto-baste. Ao contrário de 2015, desta vez passei lá com pernas e consegui apreciar muito mais o caminho. Mais um excelente trilho.

(MC)

(MC)

As Buracas! (MC)
No abastecimento, em Casmilo, voltei a forçar comer. Meia bifana, que fui ruminando enquanto subia o estradão logo a seguir. O caminho até ao ultimo abastecimento, em Zambujal, era de apenas 7km, mas foi cumprido de forma muito sôfrega. Já cheirava a meta, mas não me conseguia livrar do desconforto e sentia-me fraco. No entanto continuei em passo aceitável, quase sempre a trote, até ao abastecimento. O caminho voltou a levar-nos a alguns trilhos muito bons, desta vez na Serra de Janeanes, e acabou numa descida feita a bom ritmo, deixando antever uma boa recta final, que se anunciava de 11km até Condeixa.

Sentei-me e logo o Simões, d'O Mundo da Corrida, se meteu comigo. Ofereceu-me sopa, que aceitei de imediato. Normalmente, quando estou mal da barriga a sopa é das únicas coisas que caem sempre bem porque não empapa, vi ali uma esperança para acabar bem a prova. Esperava uma canja ou um caldo mais salgado, quando ele me apresenta um prato de Sopa da Pedra! Claro que não me fiz rogado, comi tudo e até me soube muito bem! O pior foi quando me levantei e tinha um tijolo na barriga. Enfim, faltam 11km, é ir ao fundo arrancá-los que a Sara e os miúdos estão na meta à minha espera.

A descer a Serra de Janeanes (MC)
O segmento final começava com 2 ou 3km planos, que a bem ou a mal fui papando num trote vagaroso, até que chegámos a um monte para transpor. Eram apenas cerca de 200 metros de subida, num estradão muito inclinado, mas foi nesta altura que saiu de uma moita um senhor pouco simpático e me deu uma marretada valente. Debrucei-me logo, agarrei-me aos joelhos a respirar sofregamente e dei o mote para o resto da prova. O modo sobrevivência estava ligado.


O Miguel Cadalso pelos vistos também ficou surpreendido com o estradão :)
Já há muito tempo que não passava tão mal numa prova. A subida daquele montezito foi um sacrifício. A seguir, quando o viro, mal consigo dar 3 passos a descer sem ter que parar um pouco para recuperar o fôlego. Não consigo sequer beber água e estou constantemente com o vómito na boca, até que passo pela placa do Trilho da Cascata. Lembrava-me dele, principalmente de como sofri para o transpor, tudo indicava que este ano seria diferente, mas não. Foi terrível. O trilho não, esse é fantástico, mesmo muito bom! Mas eu estava num estado deplorável. Já não me lembro da ultima vez que me sentei num trilho, naquele segmento foram umas 4 ou 5. Arrastei-me por ali até que finalmente uma pequena parede, que tive que escalar a 3 ou 4 tempos, nos tira do buraco e desemboca nas ruínas de Conimbriga.

(MC)

Mais Cascata (MC)

Ainda mais Cascata (MC)
Daí foram 2km de estrada que nos levaram de volta a Condeixa. Como sempre, o cheiro a meta faz milagres e consigo correr praticamente o caminho todo. Lá estavam a Sara e os miúdos, que me acompanharam na chegada!


Chegada a 3!
Demorei 6h55, o que não foi mau. Mas pior foi a quebra brutal nos últimos quilómetros. Costumo dizer que as ultras têm três pilares, todos igualmente importantes: a preparação física, a gestão mental e, não menos importante, a hidratação e alimentação. Tanto no Sicó como em Poiares falhei nesta parte, fundamentalmente porque nunca me senti confortável e não consegui comer. Durante meses consegui acertar com este vector e raramente tinha quebras tão grandes, mas não cumprindo, quando a caldeira esvazia completamente, não há preparação física nem força mental que nos façam correr. Bate-se no muro com toda a força. Se a prova for grande o suficiente podemos relaxar, parar um pouco e lentamente tentar voltar a comer e beber. Em provas "curtas" como esta ou Poiares não há grandes hipóteses.

Pack que foi entregue com o dorsal e a camisola de Finalista. Muito bom! (Miguel Cadalso, claro. Nem uma foto destas eu sou capaz de tirar, uma tristeza.)
Quanto à prova, foi uma muito agradável surpresa. A ideia que tinha estava completamente errada, também porque houve muito trilho novo. Nunca tive a impressão de estar a encher chouriço e raramente houve momentos de parte-pernas puro. Trilhos sempre corríveis e muito divertidos, zonas técnicas QB e um desnível respeitável para 52km (2000+). As marcações estavam impecáveis, os abastecimentos sem comentários e o ambiente é o já muito conhecido ambiente do Sicó, excelente. No fim um banho quente e lá me arrastei até uma esplanada ao lado da meta para, em conjunto com o pessoal da equipa, ver a malta dos 111km a chegar. Um dia muito bem passado em Terras de Sicó!




segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Trail de Poiares (35km) - Entrar e sair de buracos

Em todos os artigos que faço sobre as provas que participo tento fazer uma descrição factual do percurso, organização, etc, e depois um relato da minha própria prova. Não participo em muitas, tenho escolhido cada vez mais e aponto quase sempre para aquelas que à partida são a meu gosto. Este domingo corri pela primeira vez numa prova do campeonato nacional de trail. É raro fazer provas tão curtas, porque na verdade prefiro as ultra distâncias, mas ouvi falar muito bem do Trail de Poiares e como o fim e semana era conveniente juntei-me aos muitos colegas de equipa e fui até Vila Nova de Poiares. Quero com isto dizer que neste post é muito importante separar aquilo que pessoalmente achei da prova e percurso das considerações que faço da organização. 

Atletas do GDP presentes na prova longa, 35km. BTW, acabámos em 13º de 31 equipas numa prova do campeonato! Naturalmente ajudados pela nossa estrela João Lopes, 19º da geral e 2º sub 23.
Primeiro, vamos ao factos.

A organização do Trail de Poiares fez um excelente trabalho. Para quem não conhece a zona, a prova desenrola-se muito perto da Serra da Lousã, mas apesar do terreno ser muito parecido com o que se encontra na Serra, andamos em muito pouca altitude. O ponto mais alto anda pelos 300 metros. No entanto, o desnível foi de 1700+ em 34km, o chamado desnível parte pernas. 

A subida maior tinha cerca de 150+
Esta é daquelas organizações que arregaçam as mangas. É impressionante a quantidade de trilhos abertos, num percurso que será à volta de 90% em single track. Impressionante também foi a quantidade de bombeiros presentes no, às vezes, muito técnico e propenso a quedas, percurso. Provavelmente a prova onde vi mais bombeiros. Os 4 abastecimentos para 34km são suficientes e bem distribuídos, haviam voluntários em todas as travessias de estrada e as marcações estavam perfeitas, não deixando a menor margem de dúvida. A logística de levantamento de dorsais está bem oleada e a estrutura de apoio na meta é impressionante. Não posso falar do almoço servido, mas já me disseram que estava muito bom e sem tempo de espera. O kit entregue com o dorsal era excelente, com uma tshirt da 42k, uma pala preta e um par de luvas que me vai dar um jeitão! No final deixou de haver água quente no local destinado inicialmente ao banhos mas rapidamente a organização montou um sistema muito eficaz e rápido para transportar os atletas para um novo local onde, aí sim, a água estava muito quente. 

Kit entregue. O dorsal é do Miguel Cadalso (MC), o inevitável fotografo do blog :) São dele todas as fotografias que vão ver de seguida.
Estes são os factos. Os factos dizem que foi uma prova impecável, sem falhas, e foi mesmo! Mas este é um blog pessoal e, como tal, agora vou deixar a minha impressão pessoal do Trail de Poiares.

Ainda vi o Miguel antes da partida! Foto, claro, do MC.
Não precisava de muito mais, além do do perfil, para perceber que esta não era uma prova a meu gosto. No entanto, há provas com perfis parecidos, como por exemplo o Grande Trail das Lavadeiras, que acabo por gostar bastante e onde se consegue correr muito rápido. Depois de ouvir muitos elogios por parte dos meus colegas de equipa decidi arriscar. Infelizmente, há muito que não acabava uma prova tão saturado. Mas vamos por partes.

Como expliquei lá atrás, as limitações de altitude associadas a um terreno parecido com o que se encontra na Serra da Lousã, ou seja, encostas muito inclinadas, mato muito cerrado, algum xisto e pedra e várias travessias de ribeiros, formavam um conjunto de factores que não deixava grandes hipóteses à organização a não ser inventar, e muito, para chegar ao desnível anunciado. O resultado foi um percurso por vezes muito técnico, com dezenas de encostas super inclinadas ora a subir agarrado às árvores ora a descer de rabo. Passámos por cima e por baixo de dezenas de troncos, numa constante solicitação de todo o género de músculos. 

MC
MC
Nunca utilizei tanto as mãos numa prova. Também nunca caí tantas vezes. Foram raros os momentos a direito e muito frequentes as descidas em que não se podia pensar em muito mais além de não cair. Não demorou muito até ter a impressão que não estava a sair do mesmo sítio. Subíamos sofregamente uma encosta apenas para uns metros depois voltar a enfiar-nos no meio das árvores para descer novamente a mesma encosta e voltar ao rio uns metros abaixo.

Sobe. MC
E desce. MC
Os trilhos, muitos claramente abertos com muito esforço e de propósito para a prova, por vezes pareciam não fazer muito sentido. Andávamos muitas vezes de lado nas encostas, a serpentear por troncos e mais troncos, agarrados a cordas, pedras e raízes. As descidas e subidas curtas eram uma constante, uma autentica máquina de lavar roupa ligada na centrifugação. 

MC
MC
MC
O dia estava feio. Nunca choveu, mas esteve sempre a chuviscar. Muita humidade e a temperatura não muito baixa. Como andávamos sempre embrenhados nas árvores corria muito pouco vento, isso tudo associado ao tipo de percurso formava condições perfeitas para as malditas cãibras, não sei se algum dos 300 e tal conseguiu escapar imune a elas! 

Foi uma prova muito dura. Surpreendentemente dura! Pelo percurso e pelo tempo, obviamente alheio à organização. Sofri muito mais do que esperava e, na verdade, vi-me à rasca para terminar! Acabei os últimos quilómetros saturado, farto de ali andar. Comecei a perder a concentração e caí algumas vezes, uma ou duas até foram quedas feias. Parecia que fazia a mesma descida e a mesma subida repetidamente, a certa altura fiquei com a sensação que passei o percurso inteiro a entrar e a sair de buracos!

A entrar no buraco. MC
Acabei com algumas mazelas e demorei 4h42 para cumprir os 34km. Mesmo assim fui 130º de cerca de 300 que começaram, o que mostra bem a dureza da prova. 

O prémio finisher era um íman para o frigorífico. Eu gostei!
Não gostei do percurso. É a minha opinião, não quer dizer que seja um mau percurso. Aliás, ouvi muita gente no fim maravilhada com o que tinha vivido. Ainda bem que é assim e que há provas para todos os gostos, esta simplesmente não era para mim. 

Agora é altura de lamber feridas e preparar a próxima, que ainda não sei qual vai ser. O que sei é que o MIUT está quase aí, só faltam 2 meses e meio!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Montejunto

Este sábado foi um daqueles dias perfeitos para andar em Montejunto, céu limpo e muito frio. Fui sozinho, coisa que acontece cada vez menos ultimamente. Enquanto descia um dos meus trilhos preferidos dei por mim a pensar em tudo o que já passei naquele monte onde, apesar de ter que fazer uma viagem de 1 hora de carro para cada lado, me sinto em casa. 

Foi em 2015 que o Daniel me enviou o track de um treino que fez por lá. Reuni 4 amigos e lá fomos, sem nunca nenhum de nós ter pisado aquela serra. Foi só a primeira de muitas vezes que andei perdido naquela montanha. Semana após semana fui voltando, encontrando novas ligações entre trilhos já conhecidos, partindo à descoberta de outros ou inventando passagens onde não existem. 

Mostrei os cantos da casa a dezenas de amigos, sem conseguir disfarçar o orgulho quando os sinto surpreendidos. Raramente o treino começa de dia por isso foram dezenas as vezes que vi nascer o sol na Lezíria. Apanhei vento, chuva e trovoadas, 28ºC às 6:30 da manhã e até uma tempestade de neve, naquele sábado mítico há dois anos. Uma vez, sozinho, apanhei granizo de tal maneira grande que tive que proteger a cabeça com as mãos, ou da outra vez com amigos, quando começámos um treino à meia noite no qual fomos escorraçados da montanha a meio por uma das tempestades mais agressivas que tenho memória.

Este sábado, em casa, ao analisar os registos do Strava vi que foi 42ª vez que lá treinei, desde Novembro de 2015. Uma média de 27km com 1850+. Dizer que aquela montanha foi importante na minha evolução é pouco. Acho sinceramente que Montejunto é a peça central de onde estou agora.

Foram bem mais de 42 as vezes que subi aquele pequeno lance de escadas antes de chegar à capela nos 670m, já que em cada treino são sempre 3 ou 4 vezes que subo ao topo. No fim de cada subida toco com a mão direita na parede caiada da capela, não num gesto de superstição ou religioso, mas de puro agradecimento.